Olho Gordo

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
 
 
 Editar Post
Sempre achei programa de culinária muito dona-de-casa para a minha cabecinha. Aquela coisa da Ana Maria Braga de apertar ímãs e entrar embaixo da mesa, ou até mesmo o jeito Martha Stewart lavo-passo-cozinho-decoro-e-ainda-arranjo-tempo-para-ser-encarcerada de ser, sempre me pareceram muuuuuuuito distantes da realidade. Isso até surgir o GNT e iluminar minhas outrora insossas tardes (han, han, sem gosto, programa de culinária, captaram o trocadilho?) com seus programas dolorosamente apetitosos. O GNT, na realidade, tem uma certa orientação gastronômica, com série de programas do gênero: o do Olivier Anquier, o "Cozinhar é simples", o "Menu Confiança", o "Comida.org", o "Mesa para dois" e os vários da Nigella, do Jamie Oliver e do Ramsay.

Mas são esses 3 últimos, integrantes do que eu gosto de chamar da "tríade maléfica from U.K", que são especialmente legais. Tanto porque possuem apresentadores absurdamente competentes e carismáticos - o Ramsay de um jeito mais "anticristo cavaleiro do apocalipse" - quanto pelos formatos interessantes e fora do lugar-comum dos programas de mulherzinha habituais.

Jamie Oliver:


Photobucket


Aquele loirinho fofo de queixo furado é quase um golpe baixo. A idéia de colocar uma criatura fofa dessas e ainda combinar seu adorável sotaque britânico com uma língua presa simplesmente não tinha como dar errado. Ele, sozinho, já dá gosto de assistir (ahn, ahn, gosto, comida, entenderam?). Mas, vontade de apertar aquela coisinha meiga à parte, o programa é muito bem-feito. Jamie é didático, mas sem agir como se fôssemos retardados (tá que eu não sou exatamente Stephen Hawking com uma colher-de-pau na mão), obviamente habilidoso e introduz uma cozinha sofisticada de modo "acessível". O acessível aqui vem entre aspas porque eu aprendi do jeito difícil que você não pode simplesmente chegar no açougue do seu Manoel e negociar aquele pedação de "kobe beef" por 15 reais.

Mas tudo é razoavelmente fazível, e ele faz parecer simples oferecer um jantar elegante. Se é realmente fácil eu não saberia dizer, simplesmente porque nunca tentei. Afinal, incinerar meu gato tentando flambar um suflê não é exatamente minha idéia de sábado à noite, mas enfim... Talvez uma pessoa com um mínimo de destreza na cozinha não veja tantas dificuldades. Há ainda outro formato de programa, também com o Jamie Oliver, no qual acompanhamos o lançamento de seu restaurante e ele treina um monte de cozinheiros sem jeit... Digo, sem formação culinária, para virarem assistentes de cozinha. É quase interessante. Mas prefiro o formato mais "tradicional". Recomendo o episódio em que ele faz comidas tipicamente brasileiras, como, duh, feijoada e caipirinha. Ah, e "bonito de bácula"! Ou, para nós brasileiros: bolinho de bacalhau. Vale a pena.

Nigella:

Photobucket


ALELUIA, ELA É GORDINHA! Nada me inspira mais confiança que um chef gordinho: é sinal de que o que ela faz é tão gostoso que ela simplesmente não consegue parar de comer. Ao contrário do Oliver, eu não chamaria a cozinha dela de "sofisticada". Na realidade, é muito comida de gordinho. As coisas são fritas, cheias de molho, recheadas e sempre, SEMPRE, cobertas de queijo roquefort. Até os drinks levam sorvete. E nunca falta uma boa sobremesa, cheinha de chocolate. As receitas de Nigella são verdadeiramente fáceis, fazendo jus ao nome do programa: "Nigella Express". E a chef é linda e simpática, além de extremamente verborrágica; ela não consegue fazer um molho sem passar horas falando sobre sua "gloriosa coloração rosácea", ou exibir um pedaço de brownie sem realçar sua "textura divina".

Tudo que ela faz acaba parecendo delicioso, rápido e prático e sempre agrada aos convidados que aparecem para detonar tudo no final. Às vezes ainda a vemos indo às compras, parando em lojinhas de decoração para comprar forminhas, flores comestíveis ou guarda-chuvinhas, mostrando o quão divertida é a sua comida. Mas a melhor parte é, sem dúvida, o "sketch" de finalização do programa, quando ela surge, de madrugada, e começa a atacar a geladeira sem dó nem piedade. Aí vai frango, curry, amêndoas assadas e cheesecake, tudo junto, direto do pote, gelado mesmo, como todos gostamos de fazer naquele sábado à noite, vendo DVDs de Friends. Nigella é como uma criançona que aprendeu a cozinhar e, por isso mesmo, apela totalmente à nossa criança glutona interior. Super quero ser que nem ela quando eu crescer.

Salvei o melhor para o final: Gordon Ramsay!

Photobucket


O Ramsay já teve alguns programas no GNT. Na maioria, na realidade, o foco principal definitivamente não é a comida. Eu fui introduzida ao sombrio mundo de Ramsay com o "Hell's Kitchen", um reality show no qual duas equipes competiam diariamente coordenando a cozinha do restaurante do chef. É como uma cruza entre "Top Chef" e "Survivor". E com Idi Amin como apresentador. Esse programa não pode ser considerado de "culinária", uma vez que não tem como intenção ensinar nada. Na realidade, todo o apelo do programa consiste em ver Ramsay tendo seus ataques histéricos, arremessando panelas, gritando palavrões sozinho e reduzindo os participantes a lágrimas. Ramsay não poupa ninguém de seus "comentários": as mulheres são vacas estúpidas e, os homens, molengas inábeis e incompetentes. No começo, eu não conseguia sequer assistir à primeira meia hora, tamanho meu choque com a grosseria do cara. E isso vindo da menina que batizou o carro de "Stálin" e tem o "Mais Perversos da História" como livro de cabeceira. Mas, com o tempo, você se acostuma com a personalidade, ahn, "instável" do chef, e ele começa até a parecer fofo de um jeito meio "ditador intransigente que se nutre da dor e sofrimento alheios". É até meio meigo.

Ele é menos escroto em outros programas: o "The F Word" que, apesar do nome, é bem mais "light" que o Hells e o "Kitchen Nightmares". No primeiro, dividido em várias partes, ele sempre recebe um convidado, com quem compete na realização de um prato comum. Em um episódio, ele competiu com a própria mãe. E ainda ficou puto quando perdeu. Além disso, tem toda uma sequência na qual ele e os filhinhos (sim, it procriates) cuidam e dão um lar e carinho a animaizinhos fofos no quintal de sua casa. Apenas para abatê-los depois. Os animais, não os filhos. O que não é tão melhor, se vocês me perguntarem... E, no "Nightmares", ele oferece ajuda a restaurantes à beira da falência pela Reino Unido, mostrando um lado sensível que eu, particularmente, acho bem entediante. Li em uma entrevista para a Playboy de um chef americano que o temperamento pouco-amigável de Ramsay era apenas encenação para as câmeras, e que ela verdadeiramente um cara legal. Se isso for verdade, ele merece um Emmy.

Encenações (ou não) à parte, ele é um dos chefs mais conceituados do mundo, hiper perfeccionista e, segundo, Joan Collins, "Ramsay is a wonderful chef, just a really second-rate human being" (Ramsay é um ótimo chef, só é um ser humano de segunda classe). Já bateu até polícia no seu restaurante por causa de um conflito com um de seus chefs de sobremesa. Na boa, quem liga pra bondade? Em se tratando de televisão, amigos, e me apropriando do sotaque de nossos amigos cozinheiros: the hotta' the betta'. Com o perdão do trocadilho ;D

 
 
comentários: 2 Postar um comentário

Não tenho hábito de assistir GNT. E esses programas de culinária só me lembram a falta total de vocação pra cozinha que eu possuo e o fato de ser extremamente chata pra comida não gostando de quase nada saudável e de nada verde, excetuando as azeitonas.
Assim fica difícil ao menos tentar aprender algo, mas eu acho o Oliver um fofo! *-*

Eu assisto! O Oliver por causa do sotaque; a Nigella pela "fofura"; e Hell's kitchen porque é o máximo de tão escroto! Adoooro, só não assisto sempre.

Eu esqueço os horários...

 
Template Rounders modificado por ::Blogger'SPhera::
| 2008 |